sábado, 14 de agosto de 2010

A imagem e sua representação na arte


As idéias e conceitos sobre a arte e suas diversas expressões, com a sua áurea de significados e transformações nos mais diversos momentos da vida, seja no cotidiano ou em exceções extraordinárias. Remete-nos a uma serie de reflexões sobre a construção e interpretação das imagens, da arte e de todos os processos de reprodução da realidade e sua perspectiva subjetiva como expressão artística.
Percebemos, irremediavelmente, que em todas as culturas e civilizações, a imagem tem um forte referencial no imaginário dos povos, sejam elas paisagens, personagens históricos ou representações de questões subjetivas, que são internas ao individuo que as produziu. Isso é tão notório, que acabamos por assumir uma postura de iconolatria (adoração de ícones, nas mais diversas formas e formatos), internalizando com isso, conceitos morais e religiosos.
A questão da imagem é nuclear em todas as sociedades por ser uma representação do real sem ser o real, uma objetividade subjetiva, a cópia de uma materialidade existente que é apresentada em uma determinada forma ou perspectiva, seja ela objetiva ou subjetiva. Como aponta no inicio do texto de Jorge Coli, em uma reflexão de Erwin Panofsky: “Diante do retrato fiel, nós reconhecemos quem conhecemos, mas ninguém confundi o retratado com o retrato”.
Guardando essa mistificação do que é a imagem e a arte, temos uma percepção bastante relevante, que comporta a idéia paradigmática de que mesmo sendo uma representação do que é retratando, essa imagem mantém a sua essência diante do seu ser ali representado.
O texto que temos como base para essa análise, coloca de forma bastante compreensível a questão do acúmulo cultural para o vislumbre da arte como obra prima, colocando como importante o treino da percepção da imagem pelas pessoas.
A polêmica suscitada entre a opinião e visão de mundo de Proust e Benjamim, colocam uma serie de questões relevantes sobre o processo de imagem e obra de arte, ainda mais com o advento das novas tecnologias ao quais os dois autores tiveram contato em sua forma primária, em especial a fotografia.
Benjamin, um dos percussores da Escola de Frankfurt, coloca em debate em seu famoso texto “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, que a obra de arte era sacra em sua essência e gênese. E a beleza era reproduzida nessa ação humana de representar algo em esculturas ou pinturas, era aos poucos sendo copiada pela própria necessidade das pessoas, em uma ação mimogénetica de reprodução e cópia.
Em sua perspectiva, Benjamin ainda coloca o desenvolvimento técnico das formas de reprodução, como os pintores que copiam as obras consagradas, os escultores que se utilizam do mesmo expediente. O desenvolvimento da fotografia, que coloca em certo aspecto a banalização da imagem e, levando em consideração o momento histórico em que o autor viveu a ação do cinema com ação técnica de arte mais avançada naquele período. Na opinião de Benjamin, a obra de arte contém um momento único, em que o artista imprimi em alguma matéria a sua inspiração ou capacidade de representação na forma em que vai ser executada, colocando como valor Máximo esse momento único de emoção e transformação, sendo corrompido exatamente pela cópia que se banalizou com o desenvolvimento técnico da arte.
Na perspectiva adotada por Proust, a fotografia acaba tendo um papel relevante na produção cultural, pois possibilita o contato com obras que podem ser inacessíveis devido a questões geográficas, além de ser uma possibilidade que no texto apresentado é colocado como “terceira margem”, fazendo uma analogia entre a obra de arte e as possibilidades de margem do rio. Pois, a dimensão da arte, pode perder a sua áurea artística, porém, não a sua essência do objeto representado.
Neste debate extemporâneo, acreditamos ser duas dimensões necessárias para a nossa análise do que seria a arte e a sua reprodução, tendo o entendimento que não conseguiremos encerrar esse tema. Percebemos que as análises feitas por Benjamin e Proust abordam a questão da imagem de formas diferentes, porém com colocações complementares, entendendo que as novas técnicas de produção e reprodução estão inseridas na nossa realidade.

Antonio Alves da Silva Junior

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