sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre a cegueira e fica a lucidez


Antonio Alves da Silva Junior*
Hoje, 18/06/2010, as 8:00 da manhã (no horário de Brasília), morria de forma tranqüila em sua residência na ilha espanhola de Lanzarote, aos 87 anos de vida e luta ao lado da classe trabalhadora e de todos os oprimidos pelo capitalismo, o escritor português José Saramago.
Nascido José de Sousa Saramago, no dia 16 de Novembro de 1922, porém sendo registrado como no dia 18. Motivado pela falta de condições da família, que para não pagar multa por se ter passado do prazo para o registro do pequeno Saramago utilizaram desse artifício. Acreditem que o pequeno seria simplesmente “José de Sousa”, porém, de forma inexplicável, o funcionário lhe deu a acunha de “Saramago”, designação de uma variedade de erva daninha, que seria um nome imortalizado na literatura mundial, pela critica contumaz ao poder instituído e ao sistema capitalista, com suas formas e ferramentas de dominação no mundo.
Criticou a igreja e seus dogmas, escreveu crônicas, foi jornalista e um dos mais importantes intelectuais a lutar por uma sociedade sem classes, onde os opressores não teriam vez e os trabalhadores passariam a ter voz.
Literato reconhecido e premiado por sua obra foi agraciado em 1998 pelo Nobel de Literatura, já tendo acumulado diversos prêmios pelas suas obras que tanto serviam para a reflexão sobre a sociedade em que vivemos, como o “Ensaio sobre a cegueira” e “intermitência da morte”, “ensaio sobre a lucidez” e tantos outros, que se torna incalculável a contribuição que esse revolucionário deixou para a humanidade.
Aderiu ao Partido Comunista Português em 1969, ao qual permaneceu fiel até o fim de sua vida.

Lista de obras escritas por José Saramago:

Terra do Pecado (romance), Lisboa, 1947
Os Poemas Possíveis (poesia), Lisboa, 1966
Provavelmente Alegria (poesia), Lisboa, 1970
O Embargo, Lisboa, 1973
A bagagem do viajante (crônicas), Lisboa, 1973
As Opiniões que o DL teve, Lisboa, 1974
O Ano de 1993 (poesia), Lisboa, 1975
Manual de Pintura e Caligrafia (romance), Lisboa, 1976
Os Apontamentos (crônicas), Lisboa, 1976
Objeto Quase (contos), Lisboa, 1978
A Noite (teatro), Lisboa, 1979
O Ouvido (conto), in "Poética dos Cinco Sentidos", 1979
Que Farei com este Livro? (teatro), Lisboa, 1980
Levantado do Chão (romance), Lisboa, 1980
Viagem a Portugal (viagens), Lisboa, 1981
Memorial do Convento (romance), Lisboa, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis (romance), Lisboa, 1984
Deste Mundo e do Outro (crônicas), Lisboa, 1985
A Jangada de Pedra (romance), Lisboa, 1986
A Segunda Vida de Francisco de Assis (teatro), Lisboa, 1987
História do Cerco de Lisboa (romance), Lisboa, 1989
Canto ao romance, romance ao canto, in Vértice. II Série, Lisboa, nº21 (Dez.1989) O Evangelho Segundo Jesus Cristo, (romance), Lisboa, 1991
In Nomine Dei, (teatro), Lisboa, 1993
Cadernos de Lanzarote (diário I), Lisboa, 1994
Ensaio sobre a Cegueira, (romance), Lisboa, 1995
Cadernos de Lanzarote (diário II), Lisboa, 1995
Moby Dick em Lisboa, (crônicas), Lisboa, 1996
Cadernos de Lanzarote (diário III), Lisboa, 1996
O Conto da Ilha Desconhecida (conto), Lisboa, 1997
Todos os Nomes, (romance), Lisboa, 1997
Cadernos de Lanzarote (diário IV), Lisboa, 1997
Cadernos de Lanzarote (diário V), Lisboa, 1998(?)
Uma voz contra o silêncio, Lisboa, 1998
Discursos de Estocolmo, Lisboa, 1999
Folhas políticas 1976-1998, Lisboa, 1999
A caverna, (romance), Lisboa, 2000.
Caim, (romance) Lisboa, 2009


Última mensagem deixada em seu blog:


"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."

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