terça-feira, 26 de abril de 2011

Eles devem, nós pagamos com inflação

    
    Em 2007, antes da crise econômica global, a dívida dos países ricos era de US$ 26 trilhões, e correspondia a 47% do PIB global. Apenas três anos depois, EUA, Europa e Japão passaram  a dever US$ 42 trilhões, 61% do PIB mundial.

      Os dados estão numa matéria publicada hoje no Estadão e reafirmam a evidência de que é a economia do chamado mundo desenvolvido a responsável pela ameaça inflacionária que não é brasileira, mas mundial.
Aliás, vamos colocar o nome certo no boi: é a economia norteamericana, que responde por quase 40% do total desta dívida. A relação entre a dívida dos EUA e seu PIB era de  62% do PIB em 2007, vai a  99,5% em 2011 e  chegará  a 112% em 2016.

     E porque acontece isso? Porque a política  seguida pelos bancos centrais dos principais países desenvolvidos, vem sendo a de adotar uma maneira ultra-agressiva para tentar reativar a economia e diminuir o desemprego: expandem a circulação de suas moedas – que têm liquidez em todo o mund.  Essa liquidez  está  gerando grandes fluxos de capital e aumentando o preço das commodities mundo afora.

    E, claro, estes aumentos de preço se refletem na expansão do crédito e nos preços das mercadorias que guardam relação com aquelas  matérias primas ou insumos: ferro, aço, petróleo, açúcar, etc…

    Como você pode ver no gráfico ao lado, só ao final da 2ª Guerra o endividamento americano expandiu-se da forma que ocorre hoje. Mas as rezões e circunstâncias eram outras, totalmente diferentes. O plano Marshall reconstruía a Europa em bases modernas – com elevação dos níveis tecnológicos e de bem-estar social – e economicamente vinculadas à hegemonia america, o fluxo mundial de capitais era muito mais industrial que financeiro, o dólar era entesourado fisicamente como reserva de valor, enfim, os efeitos inflacionários eram muitíssimo menores.

    Os EUA continuam tendo o privilégio de emitir moeda mundial, mas com muito menos liberdade. Certo que não se vislumbra nenhum efeito de fuga de capitais, até porque – paradoxalmente – uma ruptura na capacidade americana de financiar sua dívida criaria reflexo tão negativos no mundo que o próprio dólar se elevaria, pelo poder que representa.

    A hegemonia econômica americana é um sistema, como eu disse aqui, autofágico. Como acontece com os impérios em seu declínio, é seu o veneno produzido por seu próprio gigantismo que acaba por derrubá-los, não os seus adversários.

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