quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Comunicação e Ideologia (Eduardo Galeano)



Por Antonio Alves
Traducão do texto de Eduardo Gaelano

    Os muros da comunicação são construídos para encobrir a realidade, e criando um fenômeno nada novo, porém, constante nas vidas das pessoas. O jornalismo, que antes apurava os fatos e noticiava a realidade. Hoje ao contrário, os jornais criam as noticias e os tornam fatos.

    Neste vídeo, Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, questiona fatos simples que demonstram o lado perverso dos meios de comunicação.
    O Muro de Berlim era a notícia mais vinculada todos os dias. De manhã, à noite... lemos, via-mos, ouvia-mos, o Muro da Vergonha, o Muro da Infâmia, a Cortina de Ferro ...

    Por fim, esse muro, que merecia cair, caiu. Mas outros muros brotaram, continuam a surgir no mundo, e embora sejam muito maiores do que o de Berlim, o que dizem? pouco ou melhor nada.

    Pouco se fala do muro que os Estados Unidos construiram ao longo da fronteira mexicana, e pouco é dito sobre as cercas de Ceuta e Melilla.

    Quase nada foi dito sobre o Muro da Cisjordânia, que perpetua a ocupação israelense dos territórios palestinos e em breve será aqui 15 vezes maior do que o Muro de Berlim.

    E nada, absolutamente nada, eles falam de Wall marroquina, que há 20 anos perpetua a ocupação marroquina do Sahara Ocidental. Este muro, minado de ponta a ponta e de ponta a ponta vigiado por milhares de soldados, é 60 vezes mais do que o Muro de Berlim.

    Por que há muros tão sublime e paredes tão burras? É porque há paredes do confinamento solitário, que os grandes meios de comunicação constroem a cada dia?

    Em julho de 2004, o Tribunal Internacional de Justiça de Haia determinou que o Muro da Cisjordânia violava o direito internacional e mandou que fosse demolido. Até agora, Israel não cumpriu.

    Em outubro de 1975, o mesmo tribunal havia decidido: "Não há prova da existência de qualquer relação de soberania entre o Saara Ocidental e Marrocos." Estamos aquém se dissermos que Marrocos foi surdo. Foi pior: no dia seguinte que a decisão desencadeou a invasão, a chamada Marcha Verde, e logo depois tomou o sangue e fogo dessas vastas terras dos outros e expulsou a maioria da população. E há Mil e uma resoluções das Nações Unidas confirmado o direito à autodeterminação do povo saharaui.

    Para que serviram essas resoluções? Ele faria um plebiscito, para que as pessoas decidessem o seu destino. Para garantir a vitória, o rei de Marrocos encheu o território invadido. Mas não demora muito, nem mesmo os marroquinos foram dignos de sua confiança. O rei, que tinha dito a si mesmo, ele disse que sabe. E então ele disse que não, e agora seu filho, herdeiro do trono, também disse que não. A recusa equivale a uma confissão. Negar o direito de voto, Marrocos confessa que roubou um país. Você continuará a aceitar, como se uma coisa dessas? Você aceita que os sujeitos da democracia universal só pode exercer o direito de obediência?

    O que serviram as mil e uma resoluções das Nações Unidas contra a ocupação israelense dos territórios palestinos? E sobre as resoluções mil e um contra o bloqueio de Cuba?

O velho provérbio ensina: A hipocrisia é a homenagem que o vício paga à virtude.

O patriotismo é, hoje, um privilégio das nações dominantes.

Mantenha ouvindo ...

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