segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vaticano libera a camisinha


Por Rui Martins
Direto da Redação

• Enfim, o Vaticano tira do index o preservativo. Mas não para os fiéis.

Ainda no ano passado, o cardeal Ratzinger, transformado no mais reacionário dos Papas modernos, tinha afirmado, numa viagem aos Camarões e Angola, que « o preservativo agravava o problema da Aids ». E insistido para seus fiéis africanos praticarem a abstenção, enquanto seus concorrentes muçulmanos permitem aos fiéis terem até cinco esposas.

Como diria Galileu, « mas a Terra continua girando », e diante do óbvio, das críticas e da perda da credibilidade da Igreja, principalmente diante da juventu-de, Bento XVI sai do obscurantismo e justifica, numa entrevista, num livro com lançamento nesta semana, o uso do preservativo, dando mesmo como exem-plo o caso da prostituição masculina.

É uma revolução no Vaticano. Mas não significa para os católicos devotos o fim do método contraceptivo Ogino Knaus, pois o Papa só fala em casos que reduzam o risco de contaminação. Casais fiéis, que comungam regularmente, imagina-se não viverem o risco de contaminação e os exegetas das santas decisões vaticanianas logo reafirmarão a proibição do uso da camisinha como anticoncepcional.

Para as prostitutas é a grande chance para exigir que seus clientes católicos usem camisinha, mesmo se alegarem não ser correto se chupar bala com o papel.

As organizações anti-Aids saúdam a decisão do Papa, pois a Igreja vinha sen-do um sério empecinho para programas de distribuição das camisinhas em festas populares, que geralmente terminam em copulações mesmo discretas. Carnaval e Copa do Mundo com camisinhas serão torneios bem mais seguros, nas intimidades dos foliões, jogadores e seus torcedores.

Imagina-se que os próprios padres pedófilos passarão a usar preservativos nas suas atividades extra-religiosas e que diminuirá o número de afilhados de pa-dres mais ardorosos nas regiões interioranas.

Enfim, pelo que se depreende dessa extraordinária renovação espiritual do Vaticano, o Papa Bento XVI aceitou permitir o uso da camisinha, pelo menos aos prostitutos, diante da evidência de que a castidade, assim como a virgindade, dão câncer.

Hans Kung, em Tuebingen, deve ter sorrido e comentado, « custou mas, enfim, Ratzinger aceitou modernizar a Igreja ». Estava na hora, porque havia associações de defesa dos direitos humanos querendo processar o Vaticano como cúmplice nos casos de infeções com Aids, evitáveis pelo uso do preservativo.

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