Arquivos devolvidos ao Brasil relatariam 200 tipos de tortura
11/07/2011Eduardo Sales de Lima
Para a Organização das Nações Unidas (ONU), a recente devolução de três caixas com informações sobre a existência de pelo menos 242 centros de tortura no Brasil pelo Conselho Mundial de Igrejas deve ser aproveitada para que o país inicie imediatamente uma investigação em torno da tortura e violações de direitos humanos ocorridas durante os anos da ditadura e puna os responsáveis.
Os arquivos sobre os crimes incluiriam relatos minuciosos sobre cada pessoa no Brasil sequestrada, torturada, interrogada e/ou assassinada por parte das forças militares. Nas três caixas guardadas em Genebra, 200 tipos de tortura aplicadas sobre os brasileiros foram compiladas, afetando 444 pessoas. Seus nomes reais e pseudônimos são descritos com detalhes. São cerca de 7 mil páginas de documentos, com informações que foram mandadas para a Suíça entre 1979 e 1985, com a coordenação do então cardeal arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns e do reverendo Jaime Wright, no projeto Brasil Nunca Mais, patrocinado fi nanceiramente pelo Conselho Mundial das Igrejas à época. Este projeto tinha como objetivo evitar o possível desaparecimento de documentos durante o processo de redemocratização do país. O trabalho foi realizado em sigilo e o resultado foi a cópia de mais de um milhão de páginas de processos do Superior Tribunal Militar (STM). O material foi microfi lmado e remetido ao exterior, diante do temor de uma possível apreensão.
Segundo o relator da ONU contra a tortura, Juan Mendez, “diante das evidências que serão cedidas à Justiça brasileira, uma investigação e punição dos responsáveis não é nada mais do que uma “ obrigação” para o Brasil neste momento e seria “surpreendente” que o país se transforme no único de todo o Cone Sul a manter seu passado “abafado”.
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