sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ato pede fim da violência contra a população de rua



Vigília lembra Chacina da Sé, ocorrida em 2004, em que sete moradores de rua foram mortos
18/08/2011
 Michelle Amaral
da Redação
No dia 19 de agosto de 2004, 7 moradores de rua que dormiam na praça da Sé, centro de São Paulo, foram mortos e outros 8 ficaram feridos. A Chacina da Sé, como ficou conhecida, teve grande repercussão nacional e internacional. No entanto, apesar da cobrança por justiça feita por organizações de direitos humanos, até hoje não houve identificação e punição dos culpados.
O Ministério Público Federal acompanhou o caso e chegou a formular denúncias contra cinco policiais suspeitos de serem os autores do ataque contra os moradores de rua. Três deles foram presos pelo crime, mas foram liberados ainda em 2004 por falta de provas.
Alderon Pereira da Costa, da Rede Rua, conta que o caso foi levado ainda à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que pediu esclarecimentos ao governo brasileiro, mas o processo encontra-se parado no Superior Tribunal de Justiça.
Diante disso, organizações sociais e moradores de rua promoverão nesta quinta-feira (18) uma vigília em frente à Igreja da Sé em memória das vítimas e para cobrar do governo brasileiro o fim da impunidade dos responsáveis pela chacina.
A vigília começará às 20h. Velas serão colocadas nas escadarias da igreja e os moradores de rua permanecerão acampados até as 9h da sexta-feira (19), quando será realizado um ato público e uma passeata em direção ao Vale do Anhangabaú.
Costa conta que as ações marcam o Dia Nacional de Luta por Políticas Públicas para a População de Rua e são organizadas pelo Movimento Nacional da População de Rua (MNPR). “A ideia é denunciar especificamente o caso da Sé, mas também toda a violência que está acontecendo com a população de rua”, explica.
Além disso, segundo o coordenador da Rede Rua, o movimento quer chamar a atenção ao aumento da população de rua em São Paulo nos últimos anos. Dados da Secretaria Municipal de Assistência Social apontam que, entre os anos de 2000 e 2009, o número de moradores de rua subiu de 8 mil para cerca de 14 mil.
Costa afirma que uma das causas desse aumento é a política de desapropriação encabeçada pela prefeitura. “Está havendo muito despejo e o poder público não dá alternativa para as pessoas”, alega.
Ele cita, como exemplo, o despejo, no final de julho, de cerca de 80 famílias que ocupavam um prédio abandonado na Alameda Nothmann desde novembro. “Despejaram 200 pessoas e pelo menos 30 estão morando em situação de rua na própria Alameda Nothmann. Eles, provavelmente, vão virar moradores de rua institucionais, vamos dizer assim”, lamenta.
Costa explica que as políticas públicas voltadas aos moradores de rua são ineficientes e, somadas a esse política de despejos, não conseguem resolver o problema. “O poder público está enganado, porque a situação que está produzindo essa população de rua permanece. Você tira um [da rua] e caem outros dez [por causa de despejos]”, relativiza.







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