segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ofensiva militar deixa pelo menos 55 mortos na Síria

Bandeira da Síria em protesto na Turquia



Pelo menos 55 pessoas morreram na Síria no domingo em confrontos entre forças do governo e militantes.
Quarenta e duas pessoas foram mortas em um ataque de tropas sírias a Deir al-Zour, a maior cidade no leste do país e um dos principais palcos de protestos contra o governo. Dezenas de tanques e veículos blindados entraram na cidade depois de um forte bombardeio durante a madrugada.

Na província central de Homs, outras 13 pessoas morreram, de acordo com os militantes.
O presidente sírio, Bashar Al-Assad, defendeu a operação das forças de segurança do governo.
"A Síria está no caminho da reforma", disse Al-Assad, citado pela agência de notícias oficial Sana.
"Para lidar com criminosos que destroem estradas, fecham cidades e aterrorizam os moradores, esse é o dever do Estado, que precisa defender a segurança e proteger a vida dos civis."
No sábado, o presidente sírio recebeu um telefonema do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, pedindo que o governo pare de usar força militar contra civis imediatamente.
Este foi o primeiro contato entre os altos escalões da ONU e da Síria em vários meses, já que as Nações Unidas têm dito que Al-Assad vem se recusando a receber telefonemas de Ban.
Militantes na Síria dizem que 1.650 pessoas morreram e dezenas de milhares foram presas desde março, quando começou uma insurgência contra o governo. Muitos destes dados não estão sendo verificados de forma independente, já que jornalistas estrangeiros e instituições internacionais estão sendo impedidos de entrar na Síria.
Comunidade internacional impaciente
Ativistas dizem que o bombardeio de Deir al-Zour, a 450 quilômetros ao leste da capital Damasco, começou na madrugada de domingo, com dezenas de tanques invadindo a cidade.
"Nós estamos cercados dos quatro lados. Nós estamos cercados por forças militares, aparatos de segurança e criminosos do governo", disse à BBC um dos moradores da cidade. "Eles estavam atirando a esmo contra as pessoas há 15 minutos. Não há nenhum manifestação ou protesto acontecendo neste momento."
A correspondente da BBC em Damasco, Lina Sinjab, disse que muitos moradores de Deir al-Zour já esperavam uma operação militar nesta semana e abandonaram a cidade antes dos ataques.
A cidade tem sido palco de protestos públicos que reúnem até 400 mil pessoas toda sexta-feira.
Em Hula, uma vila no norte da província central de Homs, 13 pessoas morreram – entre elas um menino de dez anos. O Exército sírio continuou com operações na cidade de Hama, que se tornou o centro da insurgência no país.
Um comitê militante, que tem contabilizado o número de vítimas, diz que 300 pessoas morreram desde o domingo passado em Hama.
A situação na Síria tem provocado impaciência na comunidade internacional.
O grupo Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne seis países da região, condenou a escalada da violência na Síria e o uso excessivo de força por parte do governo, pedindo o fim imediato da violência.
A Liga Árabe também divulgou um comunicado expressando "grande preocupação" com a deterioração das condições na Síria devido à escalada das operações militares em Hama, Deir al-Zour e outras áreas do país.
A Turquia, que tem recebido grandes fluxos de sírios fugindo do conflito, também está protestando. O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que seu governo "perdeu a paciência" com o regime de Al-Assad, e que não poderá "continuar como espectador" dos eventos que estão acontecendo na fronteira.
O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, disse que o governo prometeu ter eleições "livres e transparentes" antes do final deste ano.
No entanto, analistas disseram que a situação política está piorando na Síria. Um dos mais proeminentes líderes da oposição, Walid al-Bunni, foi preso junto com os seus dois filhos e outros quatro ativistas.

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