Pelo menos 55 pessoas morreram na Síria no domingo em confrontos entre forças do governo e militantes.
Quarenta e duas pessoas foram mortas em um ataque de tropas sírias a Deir al-Zour, a maior cidade no leste do país e um dos principais palcos de protestos contra o governo. Dezenas de tanques e veículos blindados entraram na cidade depois de um forte bombardeio durante a madrugada.
Na província central de Homs, outras 13 pessoas morreram, de acordo com os militantes.
O presidente sírio, Bashar Al-Assad, defendeu a operação das forças de segurança do governo.
"A Síria está no caminho da reforma", disse Al-Assad, citado pela agência de notícias oficial Sana.
"Para lidar com criminosos que destroem estradas, fecham cidades e aterrorizam os moradores, esse é o dever do Estado, que precisa defender a segurança e proteger a vida dos civis."
No sábado, o presidente sírio recebeu um telefonema do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, pedindo que o governo pare de usar força militar contra civis imediatamente.
Este foi o primeiro contato entre os altos escalões da ONU e da Síria em vários meses, já que as Nações Unidas têm dito que Al-Assad vem se recusando a receber telefonemas de Ban.
Militantes na Síria dizem que 1.650 pessoas morreram e dezenas de milhares foram presas desde março, quando começou uma insurgência contra o governo. Muitos destes dados não estão sendo verificados de forma independente, já que jornalistas estrangeiros e instituições internacionais estão sendo impedidos de entrar na Síria.
Comunidade internacional impaciente
Ativistas dizem que o bombardeio de Deir al-Zour, a 450 quilômetros ao leste da capital Damasco, começou na madrugada de domingo, com dezenas de tanques invadindo a cidade.
"Nós estamos cercados dos quatro lados. Nós estamos cercados por forças militares, aparatos de segurança e criminosos do governo", disse à BBC um dos moradores da cidade. "Eles estavam atirando a esmo contra as pessoas há 15 minutos. Não há nenhum manifestação ou protesto acontecendo neste momento."
A correspondente da BBC em Damasco, Lina Sinjab, disse que muitos moradores de Deir al-Zour já esperavam uma operação militar nesta semana e abandonaram a cidade antes dos ataques.
A cidade tem sido palco de protestos públicos que reúnem até 400 mil pessoas toda sexta-feira.
Em Hula, uma vila no norte da província central de Homs, 13 pessoas morreram – entre elas um menino de dez anos. O Exército sírio continuou com operações na cidade de Hama, que se tornou o centro da insurgência no país.
Um comitê militante, que tem contabilizado o número de vítimas, diz que 300 pessoas morreram desde o domingo passado em Hama.
A situação na Síria tem provocado impaciência na comunidade internacional.
O grupo Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne seis países da região, condenou a escalada da violência na Síria e o uso excessivo de força por parte do governo, pedindo o fim imediato da violência.
A Liga Árabe também divulgou um comunicado expressando "grande preocupação" com a deterioração das condições na Síria devido à escalada das operações militares em Hama, Deir al-Zour e outras áreas do país.
A Turquia, que tem recebido grandes fluxos de sírios fugindo do conflito, também está protestando. O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que seu governo "perdeu a paciência" com o regime de Al-Assad, e que não poderá "continuar como espectador" dos eventos que estão acontecendo na fronteira.
O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, disse que o governo prometeu ter eleições "livres e transparentes" antes do final deste ano.
No entanto, analistas disseram que a situação política está piorando na Síria. Um dos mais proeminentes líderes da oposição, Walid al-Bunni, foi preso junto com os seus dois filhos e outros quatro ativistas.
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