“O Brasil copia dos EUA o modelo Diga Não às Drogas, comprovado pelos americanos como ineficaz”.
A afirmação acima é do psiquiatra e diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo, Dartiu Xavier, que participa na sexta-feira 5 do seminário Educadores Contra o Crack, organizado pela revista Carta na Escola. O evento abre a série Diálogos Capitais de 2011 e acontece das 9h às 13h, com transmissão via internet, ao vivo, pelo site de CartaCapital.
Para Xavier, as políticas de repressão adotadas no País não são eficientes. “Os modelos de redução de danos adotados na Europa são uma alternativa mais adequada para a realidade brasileira, mas isso implicaria em começar a ver a droga como um sintoma e não a causa dos problemas, algo que nem todos estão dispostos a encarar”.
Seguindo a lógica da adoção de medidas redutoras de danos, Xavier destaca um estudo preliminar do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp de 1999.
Na pesquisa, coordenada pelo psiquiatra Eliseu Labigalini Júnior, 50 usuários de crack utilizaram a maconha para auxiliá-los a abandonar a outra droga. Após nove meses, 68% dos dependentes deixaram de utilizar ambas as substâncias. “Segundo os pacientes, a maconha ajudava a diminuir a vontade de usar o crack, uma droga muito mais nociva”.
Xavier ainda afirma que é preciso discutir os impactos do crack na sociedade e na população brasileira, criando também um debate mais amplo sobre outras drogas. “O crack é uma substância bastante agressiva, mas em termos de saúde pública, quando discutimos dependência acabamos falando do tema como um todo”, diz.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil existem cerca de 600 mil usuários de crack, droga, que de acordo com o psiquiatra, tem uma taxa de dependência estimada de 18%, mais que o dobro da maconha (7%).
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