Hoje de manhã, quem leu a manchete do Estadão, certamente pensou: “Uai, a Dilma dando uma de FHC”?
Não era para menos: o jornal estampou em quatro colunas, embaixo de
uma foto de uma faixa, onde estava escrito corrupção a seguinte chamada:
“BC perdoa R$ 18,6 bi para que bancos do Proer quitem dívidas”. Na internet, o “perdão” foi remendado para “abre mão”.
Nem uma coisa nem outra.
Ao ler a matéria, só no quinto paragrafo, começa-se a notar que o
Banco Central está apenas cumprindo uma Lei que vale para toda e
qualquer empresa que pague as dívidas com a Receita Federal dentro do
Programa de Recuperação Fiscal, que existe desde o ano 2000, que foi
reformulado em 2009, com critérios absolutamente claros e universais.
O BC, portanto, não perdoou, dívida alguma dos bancos quebrados e, ao
contrário, recusou o pagamento em “moedas podres”, aceitando apenas o
uso de títulos públicos como moeda no pagamento.
Não apenas o Banco Central agiu exclusivamente dentro da lei, como
resistiu a todas as pressões – e nessa área as pressões costumam
tilintar- como recusou qualquer beneficio extralegal para facilitar a
devolução, pelos bancos do que levaram do governo com a injeção de
recursos públicos no período FHC.
A atitude do Estadão não é apenas mau jornalismo. É desonestidade
para com os seus leitores. O jornal sabe que a autoridade pública não
pode deixar de cumprir o que está previsto na lei e sabe, também, que é
condição para se beneficiar do Refis, pagar o que se deve, sem
discussões e protelações administrativas.
Insinuar que houve um “perdão” discricionário em favor destes bancos é
brincar com a honradez da autoridade monetária. O dinheiro público não é
para brincadeira, mesmo que sejam “gracinhas” de jornal.
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